segunda-feira, 20 de outubro de 2014

#LQL - Modernidade Líquida


O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em sua obra Modernidade Líquida, questiona e contextualiza os parâmetros da sociedade contemporânea. O autor revela as fragilidades, incertezas e inseguranças proporcionadas pela liquidez em cinco conceitos básicos da condição humana (emancipação; individualidade; tempo e espaço; trabalho; comunidade), em contraponto às certezas, segurança e tradição da ‘Modernidade Sólida’. Aquela em que as relações humanas estavam consolidadas por um modelo antigo pré-existente.
A Modernidade Líquida, trazida por Bauman, é associada à sociedade atual por conta da fluidez. O líquido não tem forma, por isso se molda a qualquer recipiente em que estiver inserido. Os fluidos se adaptam a qualquer realidade sem que haja esforço. Penetram nos lugares facilmente e, muitas vezes, são difíceis de serem contidos. Essa é a dinâmica da sociedade atual. Ela se transforma de maneira acelerada. O sólido, para se modificar, é preciso que haja muito esforço.
Um dos conceitos abordados por Bauman é a emancipação. O autor questiona se a liberdade seria uma benção ou maldição, já que o indivíduo é livre para agir de acordo com suas necessidades e desejos, mas também a ele recai a responsabilidade por seus atos. Na Modernidade Sólida, a emancipação se apresentou como problema, porque as pessoas não apresentavam mais o desejo de serem libertadas, de serem livres de suas limitações, de agir conforme bem entendessem, de criar o seu próprio caminho.
Na modernidade líquida, isso muda. As pessoas começam a se lançar em seus impulsos, sem ter amarras para segurá-las. O indivíduo passa de agente passivo para agente ativo, de expectador para ator. 
No tocante à individualidade, o autor fala do agente consumidor, que agora sua frustração maior não é não ter o produto, mas se decidir a escolher apenas uma entre as muitas opções. A fluidez do capitalismo abre essa possibilidade. Cada indivíduo tem a chance de escolher aquilo que mais lhe agrada. Nada é imposto, ao consumidor. De diferentes formas, ele deve ser conquistado, seduzido.
Um dos efeitos mais significativos da Modernidade Líquida é a relação tempo/espaço. Com a dinâmica das relações sociais, a vida se transformou em diversas escolhas com infinitas possibilidades. As coisas se desenrolam com grande rapidez. As escolhas devem ser feitas sem perda de tempo. Os momentos devem ser vividos de forma imediata e intensa. O depois não mais existe. Só o agora é que vale. Por isso as pessoas falam com grande frequência que o ‘tempo passa cada vez mais rápido’.
Na questão relativa ao trabalho, uma mudança clara é percebida na sociedade inserida na Modernidade Líquida. A atual geração não tem mais como ideal de carreira entrar em uma empresa ainda bastante novo e lá ir subindo os degraus rumo às hierarquias superiores, até chegar ao topo e, posteriormente, gozar de sua aposentadoria. Na dinâmica líquida, o indivíduo não tem esse pensamento a longo prazo. Ele aproveita as oportunidades que têm, não fazendo uso da estabilidade que conseguiria se continuasse no mesmo emprego. Como o autor diz, o longo prazo é substituído pelo curto prazo, sendo necessários ajustes ao longo do percurso.
Por fim, Bauman entra no tema da comunidade. E ele diz que é importante que o indivíduo participe e interaja com o meio, mesmo que as regras estabelecidas colidam com a liberdade individual. O autor menciona que a figura do ‘clokroom’ é fundamental. Esse termo, ou comunidade de carnaval, refere-se ao fato de o indivíduo se vestir de acordo com a ocasião, se moldar conforme o espetáculo. Ele também fala sobre a nova relação com o capital, em que se tornou menos dependente, após as pessoas adquirirem certa liberdade de ação. No capital pesado, havia mais dependência. No entanto, em uma comunidade de capital leve o indivíduo viverá em constante conflito entre a liberdade individual e a responsabilidade coletiva.
MODERNIDADE LÍQUIDA
Autor:
Zygmunt Bauman
Tradução:
Plínio Augusto de Souza
Editora: Zahar
Páginas: 280

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